quarta-feira, 14 de julho de 2010

Gabrielices

Durante o longo tempo de minha existência ouvi certos indivíduos (tá bem! a maioria das pessoas que me conhecem!) dizendo que eu tenho mania de "inventar moda" e fazer tudo de um jeito diferente (esse é o modo como eles acreditam estar sendo delicados...), claro que sempre considerei isso uma grande intriga da oposição. Logo eu que sou tão normal! Ou era o que eu pensava até alguns dias atrás.
Toda a verdade veio à tona quando uma tia (alguém muito distinto pertencente àquela parcela da família que só encontro em ocasiões especias e, mesmo assim, só a cada 9 ou 10 anos), questinou-me quanto ao curso que faço na faculdade. A conversa foi mais ou menos assim:
-Mas quanto tempo faz que não nos vemos, querida! E como você cresceu! Está em que ano na escola?
-Já terminei a escola tia, estou na faculdade já!
-Ah! É?! E você faz que curso?
Com um grande sorriso nos lábios respondi:
-Física.
Titia querida com aquele sorrisinho inocente de quem vai soltar um disparate perguntou:
-Ah! Entendi! Você faz EDUCAÇÃO física!
-Não! Eu faço física! Sabe? Física... só física!
E com aquele ar de quem tem pouco amigos (na verdade, a mulher só faltou sair correndo e gritando "tenho medo de você!") ela desabafou:
-Hum... sei... é um daqueles cursos estranhos que só tem pessoas esquisitas, né? Mas o que que deu em você garota pra ir fazer uma coisa dessas??
-Bom... ééé... não sei! Pra dizer a verdade não faço ideia do porquê de fazer física. Só que a senhora não tem noção de como é divertido! Estou adorando!
O meu sorriso ia, sem hipérbole alguma, de orelha a orelha. Já o dela... melhor nem comentar!
-Uhum... imagino... bom, você sempre foi cheia de gabrielices! Desde que era piquitinha... vou buscar um café!
E saiu resmungando algo como "ela doida! completamente maluca!"
Eis que de repende a verdade veio à tona: eu sou tão absurdamente estranha que nem consigo me dar conta disso! Seguindo a grande bomba que é a realidade veio uma explosiva crise existencial... quem sou? por que estou aqui? o que eu quero da vida?
Como eu obviamente não encontrei respostas para essas perguntas resolvi que era melhor continuar a vida como sempre foi. Cheia de esquisitices e mimimis. Enfim, cheia das minhas habituais, agradáveis e únicas gabrielices.

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