sexta-feira, 16 de julho de 2010

O rio da vida

O rio da vida corre
e nada faz parar.
Para o passado eu olho
e fico a recordar.

Todos eles têm
pedras no caminho,
ultrapassam sem pensar
tilintando e rindo.

Levam vida paras as margens
fazendo florescer.
Os amigos que importam
e que jamais iremos esquecer.

No fim, os rios desaguam no mar
e, com o tempo, lá serão esquecidos,
felizes em novo lar
por todos desconhecido.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Delícia

A noite vai passando,
no céu há uma lua a brilhar.
Em delicioso sonho vou divagando
para as belezas de algum lugar.

A princípio é tudo branco,
ouço incríveis sereias a cantar,
surge imenso e límpido oceano
e é só o começo de um rico sonhar.

Ao nascer do brilhante Sol
vejo peixes a nadar e aves a voar.
A Praia deixa a desertidão,
os animais estão a despertar.

Em tão doce utopia Geb e Nut se unem
ao longe sob o meu olhar.
A paixão que se concretiza na fantasia
nem Shu tem o poder de atrapalhar.

A vida adquire deliciosos sabor e suavidade.
Delícia é, como ela não é, a vida provar
e ao inacreditável e ao impossível
poder, enfim, ver, ouvir e tocar.

Delicioso é saber como a realidade deveria ser
quando o amanhã vier e eu acordar.
Delícia é esperar que a natureza siga seu curso
na certeza de ao anoitecer poder novamente sonhar.

Gabrielices

Durante o longo tempo de minha existência ouvi certos indivíduos (tá bem! a maioria das pessoas que me conhecem!) dizendo que eu tenho mania de "inventar moda" e fazer tudo de um jeito diferente (esse é o modo como eles acreditam estar sendo delicados...), claro que sempre considerei isso uma grande intriga da oposição. Logo eu que sou tão normal! Ou era o que eu pensava até alguns dias atrás.
Toda a verdade veio à tona quando uma tia (alguém muito distinto pertencente àquela parcela da família que só encontro em ocasiões especias e, mesmo assim, só a cada 9 ou 10 anos), questinou-me quanto ao curso que faço na faculdade. A conversa foi mais ou menos assim:
-Mas quanto tempo faz que não nos vemos, querida! E como você cresceu! Está em que ano na escola?
-Já terminei a escola tia, estou na faculdade já!
-Ah! É?! E você faz que curso?
Com um grande sorriso nos lábios respondi:
-Física.
Titia querida com aquele sorrisinho inocente de quem vai soltar um disparate perguntou:
-Ah! Entendi! Você faz EDUCAÇÃO física!
-Não! Eu faço física! Sabe? Física... só física!
E com aquele ar de quem tem pouco amigos (na verdade, a mulher só faltou sair correndo e gritando "tenho medo de você!") ela desabafou:
-Hum... sei... é um daqueles cursos estranhos que só tem pessoas esquisitas, né? Mas o que que deu em você garota pra ir fazer uma coisa dessas??
-Bom... ééé... não sei! Pra dizer a verdade não faço ideia do porquê de fazer física. Só que a senhora não tem noção de como é divertido! Estou adorando!
O meu sorriso ia, sem hipérbole alguma, de orelha a orelha. Já o dela... melhor nem comentar!
-Uhum... imagino... bom, você sempre foi cheia de gabrielices! Desde que era piquitinha... vou buscar um café!
E saiu resmungando algo como "ela doida! completamente maluca!"
Eis que de repende a verdade veio à tona: eu sou tão absurdamente estranha que nem consigo me dar conta disso! Seguindo a grande bomba que é a realidade veio uma explosiva crise existencial... quem sou? por que estou aqui? o que eu quero da vida?
Como eu obviamente não encontrei respostas para essas perguntas resolvi que era melhor continuar a vida como sempre foi. Cheia de esquisitices e mimimis. Enfim, cheia das minhas habituais, agradáveis e únicas gabrielices.